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Sepultura do P.M. Simão Rodrigues de Azevedo, fundador da Companhia de Jesus em Portugal1

Antonio César Mêna Junior





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Na parede do cruzeiro da egreja de S. Roque de Lisboa, do lado do Evangelho e á esquerda da porta de communicação com o corredor da sacristia, está um bonito painel cuja moldura é de marmore negro, a faixa de marmore amarello e a tabella de marmore de Carrara.

Como a tabella apresentasse vestigios de ter sido raspada, reconheci portanto que em tempo, existira uma inscripção qualquer.

Impellido pela curiosidade e pelo desejo de repôr aquella inscripção que fôra obliterada, sem se saber quando e por que rasão, procedi a immediatas investigações, resultando chegar á conclusão seguinte:

O painel fôra collocado em 1705 par ordem do padre preposito Miguel Dias e a inscripção que até aquella data estivera em marmore raso, era o epitaphio do fundador da Companhia de Jesus em Portugal, o padre mestre Simão Rodrigues de Azevedo, que   —167→   fallecera en 1579, fôra sepultado na capella-mór e que passados annos fôram os seus ossos recolhidos em uma caixa e esta mettida na parede do cruzeiro. Por ordem do meritissimo provedor da Santa Casa da Misericordia de Lisboa, o Ill.mo Ex.mo Sr. Doctor Thomaz de Carvalho e suppondo tanto S. Ex.ª como quem escreve estas linhas, que a caixa contendo os ossos do padre Simão Rodrigues estaria por detraz da lapida sepulchral, mandou-se roçar a parede n'aquelle logar e nada se encontrou até o tardoz da referida lapida. Mais dois roços se abriram na mesma parede, um acima do painel, outro junto ao pavimento do corredor e obteve-se o mesmo resultado.

Não descurando o proposito em que estava e tendo o maximo empenho de vêr coroada com bom exito a pesquiza a que me dedicára, lembrei-me de mandar fazer um outro roço do lado do cruzeiro e abaixo do painel.

Apenas se atacou o roço, reconheceu-se pela percussão das pancadas que existia um vasio e pouco depois apparecia á vista uma caixa de lamina de chumbo e não de marmore como descreve o padre Balthazar Telles na sua Chronica da Companhia de Jesus.

Aberta a caixa viu-se que continha uma ossada humana perfeitamente conservada e cuidadosamente acondicionada em pedaços de papel.

A caixa foi encontrada no dia 24 de abril ultimo e como estivesse um pouco deteriorada, foi substituida por outra perfeitamente igual, onde de novo se metteram os ossos e no dia 31 de maio proximo findo, collocou-se em um vão que se abriu por detraz do painel e tapou-se aquelle com uma pedra lioz, onde S. Ex.ª o provedor mandou gravar a seguinte inscripção:

AQUI JAZEM OS OSSOS
DO P. M.
SIMÃO RODRIGUES DE AZEVEDO,
TRASLADADOS DE NOVO
PARA ESTE LOGAR EM
XXXI DE MAIO DE MDCCCXCIV


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O epitaphio do padre Simâo Rodrigues que vem transcripto em varios livros2, foi mandado gravar de novo na tabella do painel, sendo as lettras douradas e o seu theor o seguinte:

OSSA P. M. SIMONIS
RODERICI PIAE RECORDA-
TIONIS, QUI PROVINCI-
AM HANC LUSITA-
NAM FUNDAVIT, PRIMUS
IN EA PROVINCIALIS,
UNUS E NOVEM
B. P. N. IGNATII SOCIIS.
OBIIT IN HAC DOMO
XV. JULII MDLXXIX





Lisboa, junho de 1894.



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